“Nenhum filho de Montemor perdeu a vida no Ultramar”, disseram várias vozes quando, no ano de 1974, a guerra colonial era dada por terminada.
No entanto, outras “guerras” houve na aldeia aquando dessa época e muitas pequenas batalhas tiveram que ser travadas para que a população, expectante “do lado de cá” para saber dos seus, pudesse continuar a sua vida e subsistisse em pleno período de contenção e racionamento em todo o Portugal.
Uma dessas pequenas batalhas foi o fenómeno social que se faria sentir por todo o território nacional: a entrada das mulheres no mercado de trabalho. Naturalmente, também em Montemor essa alteração da posição da mulher na sociedade foi visível e sentida pela população. Como a História ensina, em época de guerra e ausência daqueles que, maioritariamente do sexo masculino, são enviados para os campos de luta, ficavam aquelas que os viam partir. Daqui à entrada – voluntária ou por uma questão de necessidade – das mulheres da aldeia na vida profissional a full-time, foi só um passo.
O Casão Militar
Assim, em Montemor, uma boa parte das mulheres que desempenhavam a actividade de “domésticas” ou “donas-de-casa”, passaram a acumular a esta função uma outra: trabalhar para uma organização estatal chamada o Casão. O Casão era a instituição responsável, entre outras, pela contínua produção de fardas para os militares do exército. Esta era a actividade do Casão para a qual muitas mulheres de Montemor trabalharam.
“As mulheres tinham que ter a quarta classe para entrar”, relembra Alda Vitória, uma das trabalhadoras do Casão. “Eram indicadas pelas que já lá trabalhavam e faziam um exame que consistia na costura de uma peça de roupa. Depois, ou eram aprovadas… ou não". Testemunhos de décadas passadas num período de conturbação: “também tínhamos de fazer horas extraordinárias, quando havia mais precisão.”
O depósito de fardamento e oficinas gerais eram no Campo de Sta. Clara e a entrega das fardas costuradas, na Graça. Quantas mais peças fossem feitas, maior era o ordenado. Uma camisa era 7$50 [escudos], umas calças 18$00, e assim sucessivamente. A entrega era feita semana a semana. Para além disso, faziam-se peditórios para a angariação de dinheiro para os militares irem em melhores condições para o Ultramar.
Quando a guerra acabou, as mulheres que estavam ligadas ao Casão foram integradas na função pública. As oficinas fecharam mas a maior parte manteve-se na vida activa exercendo outras funções em quartéis, no Colégio Militar, no Instituto de Odivelas ou no Hospital Militar. Esta alteração justificou seguramente uma evolução do perfil social da aldeia e promoveu a diversidade hoje encontrada na sua população, para o que a proximidade geográfica de Lisboa também contribuiu.
No entanto, outras “guerras” houve na aldeia aquando dessa época e muitas pequenas batalhas tiveram que ser travadas para que a população, expectante “do lado de cá” para saber dos seus, pudesse continuar a sua vida e subsistisse em pleno período de contenção e racionamento em todo o Portugal.
Uma dessas pequenas batalhas foi o fenómeno social que se faria sentir por todo o território nacional: a entrada das mulheres no mercado de trabalho. Naturalmente, também em Montemor essa alteração da posição da mulher na sociedade foi visível e sentida pela população. Como a História ensina, em época de guerra e ausência daqueles que, maioritariamente do sexo masculino, são enviados para os campos de luta, ficavam aquelas que os viam partir. Daqui à entrada – voluntária ou por uma questão de necessidade – das mulheres da aldeia na vida profissional a full-time, foi só um passo.
O Casão Militar
Assim, em Montemor, uma boa parte das mulheres que desempenhavam a actividade de “domésticas” ou “donas-de-casa”, passaram a acumular a esta função uma outra: trabalhar para uma organização estatal chamada o Casão. O Casão era a instituição responsável, entre outras, pela contínua produção de fardas para os militares do exército. Esta era a actividade do Casão para a qual muitas mulheres de Montemor trabalharam.
“As mulheres tinham que ter a quarta classe para entrar”, relembra Alda Vitória, uma das trabalhadoras do Casão. “Eram indicadas pelas que já lá trabalhavam e faziam um exame que consistia na costura de uma peça de roupa. Depois, ou eram aprovadas… ou não". Testemunhos de décadas passadas num período de conturbação: “também tínhamos de fazer horas extraordinárias, quando havia mais precisão.”
O depósito de fardamento e oficinas gerais eram no Campo de Sta. Clara e a entrega das fardas costuradas, na Graça. Quantas mais peças fossem feitas, maior era o ordenado. Uma camisa era 7$50 [escudos], umas calças 18$00, e assim sucessivamente. A entrega era feita semana a semana. Para além disso, faziam-se peditórios para a angariação de dinheiro para os militares irem em melhores condições para o Ultramar.
Quando a guerra acabou, as mulheres que estavam ligadas ao Casão foram integradas na função pública. As oficinas fecharam mas a maior parte manteve-se na vida activa exercendo outras funções em quartéis, no Colégio Militar, no Instituto de Odivelas ou no Hospital Militar. Esta alteração justificou seguramente uma evolução do perfil social da aldeia e promoveu a diversidade hoje encontrada na sua população, para o que a proximidade geográfica de Lisboa também contribuiu.
Cláudia Silvério Gonçalves
Sem comentários:
Enviar um comentário