O chafariz (no Lugar) com uma única bica, recebia água de uma mina fechada situada em frente à porta principal da Quinta de Nossa Senhora da Conceição. Este nome foi posto há cerca de 50 anos quando a propriedade foi adquirida pelo pai do Dr. António José Xara Brasil Nogueira. Aliás sempre foi conhecida por Quinta da Fonte (anteriormente Quinta do Neves).
Havia uma segunda mina no Ribeiro com menos água e que ainda hoje se pode visitar. Os acessos não eram tão bons para a recolha de água já que se descia por uma pequena escada de pedra cavada no terreno, podendo depois encontrar-se a água que corria sobre uma calha de telhas para dentro de um pequeno poço ou tina, também de pedra. Era pouco usada.
Existia ainda uma terceira mina com bica de água corrente, situada entre o chafariz e a mina do Ribeiro. A água nascia a poucos metros dali, do outro lado da rua, mas era pouca.
O acesso era largo e tinha uns quantos degraus ou patamares largos, encontrando-se portanto uns 2 ou 3 metros abaixo do nível da rua. Embora a céu aberto, a mina estava enterrada. Podia ser utilizada pelos animais, sendo certo porem que estes contribuíam para encher o espaço de imundícies. A tina onde se ia recolhendo a água acabou por ficar coberta de lama e dejectos dos animais. Tornou-se num chafurdo completo.
Este espaço foi portanto requalificado mercê dos esforços de uma comissão de obras que conseguiu congregar para esta acção todas as vontades do lugar. O êxito desta iniciativa acabou por dar nome ao lugar (transformado em fontanário e jardim) tendo esse espaço ficado a ser conhecido por Largo da Boa Vontade.
Inauguração do Chafariz da Boa Vontade, Adelino Gregório, Joaquim Mira e o Presidente da Câmara de Loures, Dário Cannas a 1.Jan.1948
[foto cedida por Encarnação Gregório Duarte]
O Jardim durou pouco tempo e acabou por dar lugar ao actual parque de estacionamento dos autocarros da Rodoviária (na altura Empresa Arboricultora Lda., de Caneças).
A forma como estava organizada a recolha de água no chafariz do lugar era muito curiosa:
Como no Verão a água era pouca, havia as naturais bichas formadas pelas pessoas ou através das suas bilhas.
No fundo, se estava muita gente, uma pessoa arrumava a sua bilha numa fila própria (encostada à parede) e ia embora. Quando mais tarde voltava à fonte, se já não tivesse ninguém à sua frente, tinha o direito de encher a sua bilha.
É claro que, de quando em quando, havia confusão, já que outra bilha poderia ter entretanto ganho a vez.
Isto sucedia porque a fila de bilhas chegava a ser muito grande e a ordem de vez podia ser alterada. Ninguém podia garantir se determinada bilha estava em bicha há mais tempo do que outra.
Porém quando chegava alguém com gado para beber, o animal ou o rebanho, tinha sempre prioridade sobre as pessoas.
Se a tina não tinha água acumulada (o que era normal), punha-se uma selha à bica e ia sendo dado de beber a todos os animais.
Levier Duarte Catarino
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