13 novembro, 2007

A GUERRA MUNDIAL

Pouco depois de ter começado a II Guerra Mundial (1939/45) logo surgiu muita informação sobre o conflito, já que as Embaixadas de Inglaterra e da Alemanha enviaram para diversos estabelecimentos comerciais, especialmente as barbearias uma enorme quantidade de propaganda.
Havia cartazes com fotografias da frota naval de Sua Majestade bem como painéis com as fotografias dos submarinos e aviões do Reich.

Os veraneantes mais importantes emitiam opiniões que eram ouvidas com atenção. Havia vários anglófilos mas também uns quantos germanófilos.
Logo que os Estados Unidos e o Japão entraram na guerra, passa a aparecer ainda mais propaganda. A revista “Em Guarda” (papel couché e a cores) passa a ser distribuído gratuitamente e com grande frequência.
Segundo uma determinada propaganda, tinha sido abatido uma tonelagem recorde de submarinos do inimigo. Em resposta, logo apareciam notícias contrárias afirmando tinha sido afundado um número recorde de vasos de guerra do adversário.
Num dado momento esta guerra bate mesmo à porta dos portugueses.
Uma vez que tinham sido dadas facilidades aos americanos para instalarem um aeroporto militar (Base Aérea das Lages) a meio do Atlântico (entre os Estados Unidos e o centro da Europa), foram mobilizados soldados portugueses para prestarem serviço militar no arquipélago dos Açores que assim se tornou palco desta guerra.

Partiram portanto para os Açores os jovens soldados montemorenses: Adelino Gregório, Caetano Castelo e Luís Romão (Luís Plácido), àcerca dos quais havia muito pouca informação.
Sem se dizer que era para apoio dos países em guerra, passou a haver uma grande procura de peles de coelho. Percebia-se facilmente que a Alemanha preparava uma invasão da União Soviética e precisava de se precaver para se debater ali, com o chamado “general Inverno”. Os compradores de peles apareciam com frequência e pagavam bom preço pelo produto É claro que toda a gente passou a ter criação de coelhos. Depois de abatidos os coelhos, retirava-se a pele (numa só peça) que, depois de tratada, se esticava com canas, afim de secar.
Outro facto importante foi o aparecimento do racionamento de vários produtos alimentares. O Pão foi o primeiro produto a ser racionado. Seguiu-se o Açúcar, o Arroz, o Azeite, o Bacalhau e as Massas, alem do Sabão. Cada família tinha uma caderneta do racionamento e só podia levantar as quantidades que estavam atribuídas a cada família.
Como as lavadeiras gastavam muito Sabão tinham de se recorrer a processos de mercado negro em Lisboa, no “petrolino” ou mesmo por aqui.
O Petróleo tal como a Gasolina e o Gasóleo, não estavam racionados, mas faltavam. Como não havia electricidade, a iluminação passou a ser feita com o recurso às candeias de azeite, em vez dos célebres candeeiros a petróleo.
Como matéria-prima para a produção de combustível para os camiões e automóveis, passou a ser utilizado o carvão. Um dispositivo ou sistema chamado “gasogénio” passou a ser instalado nos veículos afim de obterem alguma energia, aliás chamada de “gás pobre”, tal era a sua eficiência.
E foi assim. Depois da bomba atómica, a Guerra acabou finalmente.
Muita gente enriqueceu. O País ficou com as finanças em ordem mas aqui, tal como sempre, o povo é que suportou os custos.

Levier Duarte Catarino

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Boletim de Racionamento do sr. Benjamim Esteves, de Agosto de 1943, no tempo da II Grande Guerra Mundial, que também afectou os moradores de Montemor.



(documento cedido por Irene Salvador Esteves)

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