14 março, 2008

A Festa de Montemor

Quando eu era miúdo (nos anos '60) no 1º domingo de Setembro era quase sempre organizada a festa em honra da Nossa Senhora da Saúde. Nesse tempo tudo decorria no espaço junto à Capela. Eram ali instalados um palco para a música e as barraquinhas para a Quermesse e para os comes e bebes. No caminho de acesso à Capela eram realizadas as Cavalhadas.

Tratava-se de uma competição a cavalo, inspirada talvez nos torneios medievais, em que dois cavaleiros partiam em conjunto do mesmo lado, com uma lança na mão, que tentavam enfiar num pequeno laço em arame, que estava por debaixo de um cesto, onde estavam guardados os prémios. Os que conseguiam acertar no laço ficavam com o prémio. Normalmente os prémios eram animais vivos (coelhos, galinhas, pombos,...)
Mais tarde com a falta dos cavalos passou a fazer-se o mesmo jogo com bicicletas e motorizadas.
Havia ainda outros jogos, com a subida ao pau ensebado. Era um grande mastro completamente barrado com sebo [que era uma gordura usada para untar as botas, como se fosse para engraxar] que assim dificultava a progressão dos jovens na subida. Havia um prémio no topo do pau para quem conseguisse chegar ao cimo. Não sei se compensava pelo facto de se ficar com a roupa toda estragada.
Mais tarde surgiram as Garraiadas que eram então realizadas dentro de uma estrutura metálica instalada no campo de futebol. Era também aí que se realizavam os tradicionais jogos de futebol entre solteiros e casados, que terminavam sempre numa grande farra de sardinhas e febras e muito vinho tinto.

A festa religiosa era composta pela Missa solene e pela procissão no domingo à tarde pelas ruas da terra. Normalmente acabava sempre com alguma confusão para se saber onde é que a procissão voltava para trás. O problema era o facto do percurso ser longo (cerca de 2 km) e o regresso sempre a subir.E para quem carregava com os andores não era nada fácil. Mas as pessoas que contribuíam com dinheiro para a festa queriam que a procissão passasse à sua porta, mesmo que morassem no fim do Ribeiro, e isto tornava a procissão muito longa e demorada. As casas engalanavam-se. Eram colocadas colchas às janelas. Normalmente convidavam-se familiares e amigos para nos visitarem nessas datas para assim se fazer também uma festa familiar.


António José Paulino

[colaboração de Vítor Esteves, Luísa Gonçalves e Levier Catarino]

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