17 janeiro, 2008

As lavadeiras de Montemor

Lavadeiras de Montemor, no "Rio da Lage", em 1951,
lavando roupa para o Hospital Gama Pinto (Lisboa)
[foto cedida por Lia Xavier]

As barricas, serviam para preparar a barrela (para lavar a roupa) e os cloretos (para a branquear).
Este local é o chamado Rio da Lage mas, como se vê, não é nenhum rio nem tem sequer, qualquer ribeira.

Identificação provisória destas lavadeiras (existem algumas dúvidas que esperamos esclarecer em breve).

Da esquerda para a direita, na fila da frente:
1. Laura Batista ou Esmeralda Pedro (?)
2. Maria Ferreira Catarino
3. Esperança Miranda
4. Maria Careca
5. Maria Teresa Caetano
6. Lucinda Pereira Castelo
7. Helena (mãe do João Manuel) (?)
8. Margarida Caetano
9. Maria Amélia "do Moca"
O miúdo ao centro é o Libério.

Na fila detrás:
10. Lina Alexandrina (de luto pela mãe)
11. Piedade

12. Ilda Duarte (Malaquias)
13. Margarida Xavier Mota
14. Flora Viana
15. (?)
16. Henriqueta Monteiro (com o João Manuel ao colo ?)
17. avó do Armando Viana (?)
18. Gertrudes do "Gaitas" (avó do Libério)

Não se sabe (por enquanto) quem é que tirou esta foto, que terá sido enviada ao ti' Manuel Xavier, que na altura estava a cumprir o serviço militar na Índia.

Em Montemor, assim como em Caneças e outras aldeias saloias próximas, até aos anos 70 do século passado, eram lavadas as roupas de muitas famílias abastadas de Lisboa.
As lavagens eram feitas no lavadouro da Lage (Rio da Lage), no do Ceirão e num outro junto da Quinta da Baleia.
Utilizavam-se barricas para preparar a barrela (para lavar a roupa) e os cloretos (para a branquear). Depois de secar e corar, as roupas eram guardadas em trouxas, sendo transportadas pelas lavadeiras à cabeça.

Ti' Alice com uma trouxa à cabeça

[foto cedida por Vítor Gonçalves]

O transporte para Lisboa, normalmente à 2ª feira de manhãzinha, era feito inicialmente em galeras, depois em camionetas de carga e mais tarde nas camionetas da Arboricultora.

Este assunto foi retratado no famoso filme português “Aldeia da Roupa Branca”, de Chianca Garcia, com a actriz Beatriz Costa (1938).





Nele era cantada pela Beatriz Costa, esta composição de Raul Portela, Chianca Garcia e A. Curto.

Ó rio não te queixes,
Ai o sabão não mata,
Ai até lava os peixes,
Ai põe-nos cor de prata.

Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.

Água fria, da ribeira,
Água fria que o sol aqueceu,
Velha aldeia, traga a ideia,
Roupa branca que a gente estendeu.
Um lençol de pano cru,
Vê lá bem tão lavadinho,

Dormindo nele, eu e tu,
Vê lá bem, está cor de linho.


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